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A identidade como fator distintivo do ser humano

Unidade e diversidade dos

seres humanos


A humanidade sempre teve reações variadas pelas diferenças que percebiam entre si e os vários povos com os quais tinham contato. Guerreiros; viajantes; comerciantes; e lendas relatavam a seus pares, desde a mais remota antiguidade, as exoticidades dos demais. As reações eram e são variadas: desde o medo e a repulsa, até a curiosidade e o apreço (Mair, 1965; Laraia, 1986; Maggie, 1996).

Aspectos culturais e físicos imediatamente perceptíveis da singularidade dos “outros”, como vestimentas; ornamentos corporais; estatura; cor da pele, cabelos e olhos; e língua, ressaltavam a singularidade mais aparente. Os “costumes” mais estranhos, porém, sobressaiam aos que tinham a oportunidade de passar um certo tempo maior entre os “estrangeiros” e outras diferenças mais profundas entre os povos só poderiam ser apreendidas por um olhar mais detalhado: historiadores como Heródoto são tidos, por alguns, como os primeiros “antropólogos”, por se preocuparem com a organização das sociedades que descrevia, e não somente com os acontecimentos históricos, buscando assim uma razão, uma causalidade para os eventos (Mair, op. cit.).

As explicações sobre a diversidade humana sempre ressaltaram com mais ênfase os aspectos negativos dos “outros”, tendo como parâmetro as características positivas, físicas e culturais, dos povos sob cujo ponto de vista se pensava a diferença. Chega-se até a negar a qualidade de “humano” aos demais povos. Alguns exemplos: entre os povos indígenas brasileiros, a autodesignação, a rigor, enfatiza as qualidades de “seres humanos”; “gente”; “povo de Deus” de cada povo. E para os demais restam termos, no mínimo, desagradáveis, como “os agressivos selvagens”; “os comedores de carne de mamíferos ou de cobra” ou outra característica repulsiva. Já nos primeiros séculos da colonização luso-espanhola, o estatuto de “seres com alma” chegou a ser negado aos habitantes tradicionais das Américas, sendo objeto de discussões acirradas no âmbito da Igreja Católica.


Inscrição mental das historias de vida



«A relação entre os humanos e o seu mundo tem uma temporalidade, uma história.Ao longo desta história, cada indivíduo interage com o mundo, ou seja, é influenciado por este .A forma como o ser humano ,desde que nasce, se relaciona com o meio e com os outros muda-o.Por outro lado,cada um de nós muda o mundo em cada momento,em cada contacto com os outros ou com tudo o que nos rodeia. É nesta relação entre seres humanos e o mundo que se desenrolam histórias de vida que constituem a nossa identidade»


Identidade vs Personalidade

Muito se fala e se confundem os conceitos de personalidade e identidade, mas quais são as principais semelhanças e diferenças?

Ao longo do tempo, os conceitos de personalidade e de identidade, confundem-se pelo senso comum, porem ambas são conceitos muito diferentes, entre si.

Personalidade: O conceito de personalidade é complexo, podemos encontrar varias definições, originadas em várias teorias ou mesmo várias “escolas de pensamento”. Não existe uma definição exata e completa, tendo em conta as várias teorias e as várias perspetivas existentes.

De forma generalista e resumida, personalidade é uma organização interna e dinâmica do sistema psicológico, com todos os seus componentes. Esta mesma organização define padrões relativamente coerentes de comportamentos, atitudes, pensamentos, sentimentos e emoções. Esse padrão embora alterável, constrói-se e reconstrói-se de forma gradual. Os elementos e componentes que a vão constituindo, inicialmente é mais um elemento mas posteriormente contribui para a integração do próximo componente ou experiência.


Personalidade:

  • Uma organização, um todo, funcionando como um conjunto e não como um conjunto de partes individuais.
  • Dinâmica, embora geralmente não se altere radicalmente, está longe de ser considerada estática ou mesmo imutável
  • Psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e os seus processos.
  • O “filtro” entre a pessoa e o mundo, definindo a forma como se relaciona com o mundo interno e externo.
  • Um constructo analítico e abstrato, não existindo fisicamente, expressando-se unicamente em padrões de comportamento, pensamento e emoções.

Identidade:

A identidade é o conjunto total das nossas características próprias que nos fazem únicos e exclusivos, diferentes de todos os outros seres humanos e todos os outros animais.

O que nos faz únicos e exclusivos do resto das pessoas são muito mais que características psicológicas. A identidade é o conjunto de características, psicológicas, físicas, culturais, etc. Não existe uma identidade perfeita, mas sim uma identidade mais ou menos adaptada ao meio envolvente.

A Identidade é o que nos define quem somos, bem como a nossa missão. Ela diz aos outros e a nós, quem somos e para onde vamos. Identidade é única e absoluta em si mesmo. Não tem sentido encontrar duas pessoas com identidades semelhantes, podemos encontrar pessoas que partilham a mesma cultura, de personalidades semelhantes, fisicamente semelhantes, etc. mas não a entidade.

Em termos de comparação a personalidade é um conjunto de elementos e componentes psicológicos, enquanto a identidade é o conjunto de elementos, sendo a personalidade um deles.

Existem instrumentos que avaliam a personalidade, mas não que avaliam a identidade.


Hugo Fontes N13 12D



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