Nas últimas aulas da disciplina de Psicologia foi-nos introduzido o tema da personalidade. Mais especificamente, a estrutura da personalidade e as suas diferentes fases.
Discutimos ainda os vários estádios de desenvolvimento sexual,
e, até à última aula debatemos os primeiros três: oral, anal e fálico.
Neste pequeno texto irei abordar o estádio III- estado fálico.
Este pode denominar-se ainda de estádio do complexo de
Édipo/Electra.
Durante este estádio, os órgãos genitais tornam-se o centro
da atividade erótica da criança através da autoestimulação. É o período onde as
crianças se apercebem das diferenças anatómicas dos sexos e que a sexualidade
faz parte das relações entre pessoas.
A partir de uma determinada altura, a criança desenvolve uma
forte atração sexual pelo progenitor do sexo oposto e, ao mesmo tempo,
sentimentos agressivos em relação ao progenitor do mesmo sexo. É, a nível
inconsciente, a primeira experiência de amor heterossexual.
Ao observar o caso de um rapaz qualquer (filho), percebemos
que a criança tenta afastar o progenitor do sexo oposto (pai), para ficar na
posse exclusiva do objeto do seu amor (mãe).
A isto chamamos de complexo de Édipo (querer anular o pai e
ter a mãe só para si), no caso do rapaz/filho, e de Electra (querer a anular a mãe
e ter o pai só para si) no caso da rapariga/filha.
Existe então uma condição da superação do complexo. Ou seja,
o rapaz e a rapariga devem renunciar ao desejo de posse exclusiva do objeto do
seu amor reconhecendo os direitos do outro progenitor, mantendo contundo a
ideia de continuar a ser amado por quem ama.
O recalcamento do desejo sexual incestuoso deve-se em parte
a um mecanismo de defesa chamado identificação.
O processo de identificação no rapaz deriva do medo da
castração – o rapaz teme que o pai o castigue eliminando os seus órgãos
genitais – a identificação é uma solução de compromisso.
O rapaz irá imitar e interiorizar as atitudes e
comportamentos do pai (quanto maior as parecenças entre pai e filho, mais
facilmente se pode imaginar, inconscientemente, no lugar do pai). Mas só este
pode ter determinado tipo de relação com a mãe. Os impulsos eróticos
transformam-se em afeto e carinho. Desenvolve-se então o tabu do incesto.
O processo de identificação da rapariga consiste na
identificação com o progenitor do mesmo sexo. Procurando parecer-se cada vez
mais com a mãe, a rapariga possui, simbólica e indiretamente, o pai.
Segundo Freud, a sociedade, em geral, reprime com menos
severidade (do que no caso dos rapazes) a persistência dos sentimentos de posse
em relação ao pai, o que torna problemático o processo de identificação na
rapariga. Para além disso, a rapariga, desapontada por verificar não possuir o
mesmo órgão sexual que os rapazes sente-se “castrada” e responsabiliza a
mãe por essa “falha” (inveja do pénis).
No caso da rapariga, quando esta se tornar adulta,
apresentará um estilo sedutor, e, ao mesmo tempo inibido. Este tipo de
comportamento tem como modelo a atração original pelo pai (houve atração e
repressão ou recalcamento do desejo). Além disso, possuirá uma obsessão em ter
filhos do sexo masculino, sinal de que a “inveja do pénis” foi mal resolvida. E
ainda, desprezo pela sua feminilidade, o que resultará em querer um homem igual
ao pai.
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