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Estádio Fálico (3 a 6 anos)

Nas últimas aulas da disciplina de Psicologia foi-nos introduzido o tema da personalidade. Mais especificamente, a estrutura da personalidade e as suas diferentes fases.

Discutimos ainda os vários estádios de desenvolvimento sexual, e, até à última aula debatemos os primeiros três: oral, anal e fálico.

Neste pequeno texto irei abordar o estádio III- estado fálico.

Este pode denominar-se ainda de estádio do complexo de Édipo/Electra.

Durante este estádio, os órgãos genitais tornam-se o centro da atividade erótica da criança através da autoestimulação. É o período onde as crianças se apercebem das diferenças anatómicas dos sexos e que a sexualidade faz parte das relações entre pessoas.

A partir de uma determinada altura, a criança desenvolve uma forte atração sexual pelo progenitor do sexo oposto e, ao mesmo tempo, sentimentos agressivos em relação ao progenitor do mesmo sexo. É, a nível inconsciente, a primeira experiência de amor heterossexual.

Ao observar o caso de um rapaz qualquer (filho), percebemos que a criança tenta afastar o progenitor do sexo oposto (pai), para ficar na posse exclusiva do objeto do seu amor (mãe).

A isto chamamos de complexo de Édipo (querer anular o pai e ter a mãe só para si), no caso do rapaz/filho, e de Electra (querer a anular a mãe e ter o pai só para si) no caso da rapariga/filha.

Existe então uma condição da superação do complexo. Ou seja, o rapaz e a rapariga devem renunciar ao desejo de posse exclusiva do objeto do seu amor reconhecendo os direitos do outro progenitor, mantendo contundo a ideia de continuar a ser amado por quem ama.

O recalcamento do desejo sexual incestuoso deve-se em parte a um mecanismo de defesa chamado identificação.

O processo de identificação no rapaz deriva do medo da castração – o rapaz teme que o pai o castigue eliminando os seus órgãos genitais – a identificação é uma solução de compromisso.

O rapaz irá imitar e interiorizar as atitudes e comportamentos do pai (quanto maior as parecenças entre pai e filho, mais facilmente se pode imaginar, inconscientemente, no lugar do pai). Mas só este pode ter determinado tipo de relação com a mãe. Os impulsos eróticos transformam-se em afeto e carinho. Desenvolve-se então o tabu do incesto.

O processo de identificação da rapariga consiste na identificação com o progenitor do mesmo sexo. Procurando parecer-se cada vez mais com a mãe, a rapariga possui, simbólica e indiretamente, o pai.

Segundo Freud, a sociedade, em geral, reprime com menos severidade (do que no caso dos rapazes) a persistência dos sentimentos de posse em relação ao pai, o que torna problemático o processo de identificação na rapariga. Para além disso, a rapariga, desapontada por verificar não possuir o mesmo órgão sexual que os rapazes sente-se “castrada” e responsabiliza a mãe por essa “falha” (inveja do pénis).

O rapaz, na idade adulta procurará mostrar que não foi castrado através de vários meios: conquista de muitas mulheres; ter muitos filhos; sucesso profissional. E ainda, possuirá um sentimento inconsciente de culpa por ter tido inclinações incestuosas, o que resultará em querer uma mulher/namorada/esposa igual à mãe.

No caso da rapariga, quando esta se tornar adulta, apresentará um estilo sedutor, e, ao mesmo tempo inibido. Este tipo de comportamento tem como modelo a atração original pelo pai (houve atração e repressão ou recalcamento do desejo). Além disso, possuirá uma obsessão em ter filhos do sexo masculino, sinal de que a “inveja do pénis” foi mal resolvida. E ainda, desprezo pela sua feminilidade, o que resultará em querer um homem igual ao pai.




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